Mais um dia com cinema. Uma noite, na verdade. E essa foi um pouco diferente. Bem exclusiva, inédita. Era dia de semana, e foi um dia difícil, quase estressante. Mas ela, nem se importava. Tinha um encontro marcado com Mr. Eddie, na poltrona C 3 da sala de cinema.
Mr. Eddie, ou Eddie Vedder, fazia parte de sua vida há 20 anos. Assim como da vida de outras milhões de pessoas pelo mundo. E ele não estava sozinho, pois vinha com Stone Gossard, Mike McCready, Jeff Ament e Matt Cameron (que veio depois, mas ficou de vez). Isso tudo é Pearl Jam.
Quem tem mais de 30 anos, gosta de rock and roll e acompanhou aquela movimentação da música do início dos anos 90, na cidade americana de Seattle, o grunge, sabe de quem estamos falando. Tinha Nirvana, tinha Soudgarden e tinha mais um punhado. Mas o Pearl Jam ficou. Para ela, para os fãs e para o mundo. E como se um repertório excelente não fosse suficiente, ainda tinha um intenso vocalista, integrantes discretos sobre a vida pessoal mas engajados e a permanência de uma banda no cenário por 20 anos. E ainda tem mais.
Cameron Crowe (Quase Famosos, Vanilla Sky, Elizabethtown...) acompanhou tudo, muitas vezes de perto, quando ainda era um jornalista e se mudou para Seattle. Muitos anos depois, decidiu filmar e mostrar ao mundo essa história. E abriu um baú de histórias jamais tocado. 
Para uma banda que não gosta de gravar entrevistas, vídeos e só se sente confortável no palco, foi uma surpresa terem aceito fazer um documentário. E Crowe fez com maestria. David Lynch entrevistando Eddie Vedder, a escolha de Alive para o final, a ótima e rápida sequência para contar a história do baterista, a ida com Jeff à sua cidade natal, o tour pela casa de Stone, a reação de Eddie ao ver um fã ser maltratado por seguranças, a performance de Better Man em Verona, com toda a introdução sendo levada pelo público, a composição de Brother, que depois se chamaria Daughter. Até mesmo a escolha de Given to Fly para o trailer foi incrível.
Do início da banda, com outro nome e outro vocalista, à amizade com outros músicos, da chegada de Eddie Vedder, com seus moshes assustadores, à briga com a indústria de venda de ingressos a preços altos, do desconforto ao gravar vídeos, aos shows ao vivo, do obscuro lado de Eddie Vedder tão presente em suas letras, ao Grammy encontrado no porão da casa de Stone, das lágrimas de Eddie ao contar sua amizade com o baixista, Jeff ... Emocionante, forte, tocante do início ao fim. Tudo isso sem ser piegas, com a genialidade de um diretor que pareceu entender exatamente o que é aquela banda, aquelas pessoas e sua música. 
Com uma trilha sonora perfeita já contávamos e junte a isso uma leitura sincera do diretor e aquela pessoa, do início da história, sorriu, chorou, cantou, se surpreendeu. Para ser sincera, ela achou diferente ver algo real na tela que não tinha nada a ver com sua vida, mas que tinha a mesma trilha sonora.
Com uma trilha sonora perfeita já contávamos e junte a isso uma leitura sincera do diretor e aquela pessoa, do início da história, sorriu, chorou, cantou, se surpreendeu. Para ser sincera, ela achou diferente ver algo real na tela que não tinha nada a ver com sua vida, mas que tinha a mesma trilha sonora.
Os integrantes surpreendem, com declarações diretas, simples, emocionadas, ocasionalmente. Parecem ser realmente pessoas que só querem tocar sua música. E todas muito boas, o que é melhor. Eles falam com saudade do primeiro vocalista, vítima de overdose, enchem os olhos de lágrimas ao contar a tragédia de Roskilde, na Dinamarca em 2000, quando fãs morreram pisoteados em uma confusão na pista. Eddie Vedder, por sua vez, deixa clara a dor de não ter convivido com o pai, e o filme mostra que Alive e Release são ótimas traduções do que sente.
Traduções. E como as músicas do Pearl Jam traduzem o que nós sentimos, também.
I seem to look away
Wounds in the mirror waved
It wasn’t my surface most defiled
Head at your feet fool to your crown
Fist on my plate, swallowed it down 
Enmity gauged, united by fear
Tried to endure what I could not forgive
Rearview Mirror é a escolha de Eduardo “porque conheci a banda na adolescência, uma fase de transição. Foi bem marcante”.
I know someday you’ll have a beautiful life
I know you’ll be a star in somebody else’s sky
Why, why, why can’t it be in mine?
Esse trecho justifica a escolha de Angel por Black.
All the rusted signs we ignore throughout our lives
Choosing the shiny ones instead
I turned my back, now there's no turning back
No matter how cold the winter, there's a springtime ahead
I smile, but who am i kidding?
I'm just walking the miles, every once in a while I'll get a ride
I'm thumbing my way back to heaven...
Essa é a minha escolha. De hoje. Thumbing My Way.
Essa é a minha escolha. De hoje. Thumbing My Way.
Em tempo: Documentários - o cinema em sua melhor reflexão. Pearl Jam: banda favorita há 20 anos. Cameron Crowe: ganhou seu lugar na minha lista de melhores diretores.
Assista ao trailer:

 
2 comentários:
Que bom poder te ler novamente.
Que bom poder ser lida novamente!
Anônimo, identifique-se!
;)
Obrigada por ler !!!
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