Mari D'Amore |
Porque, na vida, nada é suficiente.
Os problemas nunca parecem o bastante. Após o primeiro temos
mais um, mais outro e mais outro.
E quando ganhamos mais, gastamos mais e queremos mais e
muito mais. E precisamos de mais, é uma matemática simples.
E os sapatos? E os brigadeiros? E os gadgets e fases
vencidas no game?
E a bebida?
E o tempo? E o descanso? E o sono?
Nada, mas absolutamente nada é suficiente. Mesmo quando suficiente é o que precisamos, não apenas o que queremos.
Como gostar de alguém. Não é questão de gostar muito ou
pouco, mas gostar o suficiente.
A vida não parece suficiente. Estamos sempre em busca de
algo. Algo novo, uma mudança ou ainda um resgate de algo do passado. Parece que
sempre falta algo que não está ali, mas que deveria estar.
E não adianta buscar a racionalidade e objetividade da vida.
É sempre preciso algo a mais. Ou diferente. Ou uma grande troca, desfecho,
virada do avesso.
Queremos o emprego, mas o salário é insuficiente. Queremos o
apartamento, mas o bairro é insuficiente. Queremos o carro, mas o trânsito é além
de suficiente.
Queremos a vida noturna, mas a disposição é insuficiente. Queremos
a gastronomia e a cultura, mas o dinheiro é insuficiente. Queremos, buscamos, precisamos,
mas não conseguimos, não alcançamos.
Insuficiente parece ser a palavra de ordem de nossas vidas.
Não adianta aplicar teorias e teoremas nesse caso. Somos
seres condicionados a estarmos sempre buscando algo e, por isso, a sensação de
insuficiência é eterna.
Não acaba. Desanima. Esgota.
Seríamos seres mais elevados se conseguíssemos nos contentar
com menos. Mas a questão aqui não é apenas a quantidade, mas também a
intensidade.
Uma vez li que em São Paulo as pessoas estão sempre buscando
por um emprego, um apartamento ou um namorado.
Pelo menos estou em busca apenas de um. Por esse lado, posso
dizer um é o suficiente. Suficiente? Ufa!