Era um medo diferente. Não era medo de morrer ou de sofrer.
Não era medo de sentir saudade ou medo de perder uma
oportunidade.
Ela sentia um medo plural, um medo permanente.
Era medo de se arrepender, mas ao mesmo tempo não era.
Era medo de sonhar, mas ela continuava sonhando.
Ela tinha medo de se sentir carente, mas não de ficar
sozinha. Era medo de solidão e não de estar só.
Ela tinha medo de perder, mas tinha também de ganhar. E não
saber o que fazer.
Não era um medo proibitivo, mas talvez um medo impeditivo. Ela nem compreendia bem a diferença.
Ela sentia medo. Era assim que conseguia definir.
Era um freio, uma preocupação, uma dorzinha de cabeça.
Era um jeito de fazê-la pensar duas vezes antes de uma
atitude. Ou 3, ou 4...
Era algo que a segurava no 1º degrau, mesmo ela sabendo que
poderia ir seguramente ao 2º, 3º, 4º, 5º.
Ela sentia medo. O medo tomava conta. Mas muitas vezes ela
simplesmente o combatia.
Era capaz de tomar atitudes descabidas, corajosas. Mas o
medo batia à porta no instante seguinte.
Por um lado, era um medo saudável. Por vários outros, um
medo injusto.
Não era medo de ser feliz. Era medo de ser e não sentir.
Não era medo de chegar lá. Era medo de chegar e não
identificar.
Talvez era medo de ser quem ela era, ou de negar o que
sempre foi.
Era medo de se sentir presa, mas existia medo de ser
totalmente livre para sempre.
Era medo como tantos outros, e dificilmente desapareceria.
Não a impedia de sentir outras coisas, mas estava sempre
presente.
Era amor com medo, entusiasmo com medo, alegria com medo,
surpresa com medo, borboletas na barriga
com medo.
Era um medo constante, vezes construtivo, vezes enlouquecedor.
Mas ela sentia medo. Sempre. Em todo e qualquer instante.
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