quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Desistir



Ela pegou o papel, a caneta. Escreveu três palavras, riscou duas, escreveu mais sete. Riscou uma.
Ela pulou para a outra linha e foi seguindo. Riscou a frase toda, de uma vez só, sem dó nem piedade.
Tentou novamente. Trocou a caneta pelo lápis, a página rabiscada por uma branquinha, limpinha, novinha.
Percebeu que o que tinha riscado não sumiria. Talvez do papel, mas da cabeça não.
Seguiu escrevendo. Em letras de forma, corridas, grandes, pequenas, frases longas e outras bem curtas. E outras mais curtas.
terminou
apenas
com
palavras
separadas
sem
conexão
e
sem
qualquer
nexo.
Mas seguiu ali, contando palavras, frases, parágrafos. Achou que precisava de mais, muito mais. Depois mudou de ideia, pensando que queria menos e menos e menos.
Começou a desenhar.

Estrelas, setas, corações, quadrados, caracóis, linhas, bolinhas...

E ainda não estava bom.
Ela queria revolucionar, escrever algo incrível, fantástico, inesquecível.
Mas, ali, com o papel na mesa e o lápis na mão, ela tomou a decisão mais difícil de todas: desistir.
Sequer colocou o ponto final, apenas derrubou o lápis sobre o papel, levantou da cadeira e foi andando, calmamente, até a cozinha, para tomar um café.
“Não se pode ser bem sucedida em tudo que se tenta” pensou, sabiamente.

Um comentário:

Roberta disse...

Desistir é um passo para recomeçar! ;)