domingo, 18 de março de 2012

O que aprendi com uma dor de estômago


Ele começa a doer e não pára mais. Não é incômodo, queimação, enjoo ou uma fritura que acabou pesando. É dor.

É um estômago forte, que nunca deu trabalho. O que anda acontecendo?

E começo a recapitular as últimas 24 horas para tentar desvendar o que foi que eu comi que desencadeou uma dor dessas.

No meio do pensamento, ela piora, agride, me derruba sobre a cama. Nenhuma posição ajuda, ele continua a doer. Deito de bruços, com a cabeça largada no colchão e no meio de um pedido de “quero dormir para esquecer a dor" surgem os pensamentos que precedem o sono de fato, naqueles minutos que a gente fica entre o estado alerta e o quase vegetativo de um sono gostoso e calmante. E eles só fazem tudo piorar.

Não costumo comer frituras, mas almoço todos os dias fora de casa. Naqueles dias, estava comendo em casa. E nada demais: coisas leves, de verdade. A última bebida alcoólica havia sido há bem mais de 24 horas.

Não adianta nada querer buscar respostas nas coisas óbvias, elas estão escondidas, sempre. Mas quando você as encontra, se tornam evidentes!

Engolir sapo dá dor de garganta. Auto sabotagem dá dor nas costas. Tristeza dá rugas e decepção dá dor de estômago.

Conhece aquela velha história de esperar coisas do mundo? A gente sempre espera. A gente se torna livre, independente mas, ainda sim, espera algo de alguém. Ou “algos” de “alguéns”. Acontece, é normal, simplesmente aceite.

Não somos Madres Terezas, mas pessoas como eu sempre doam, sempre oferecem. Sempre e exatamente o que os outros esperam? Não, normalmente, não. Mas somos disponíveis, gostamos de estar presente, queremos ser legais e amadas. Esse é o maior erro. Queremos ser amadas e admiradas, queridas e, consequentemente, surpreendidas.

Queremos novidades, coisas grandes, coisas tocantes. Fazemos isso por nós, sempre que possível e de alguma forma para os outros, mas normalmente não as recebemos. E isso dói. Chega uma hora que aprendemos a não sentir mais no coração, de uma forma a ignorar tudo isso, mas aí vem o estômago e dá aquele aviso “você é humana e, inevitavelmente, tem sentimento correndo por todo o seu corpo. Se o coração e a razão ignoram, estou aqui para te lembrar".

Omeprazol, dieta leve, descanso. Sim, eles resolvem aquela dor. Mas ela voltará se algo não for feito a respeito. O duro é encontrar qual a melhor forma de “resolver” essa questão, e enquanto não descobrir você sentirá que não há nada que solucione esse seu problema – que atinge alguns outros milhões de pessoas, esteja certo disso!

Mas sei que ainda não aprendi a não esperar nada do mundo e das pessoas e que, sim, eu me dou mais do que as pessoas podem ou querem me oferecer. Ouvi uma vez de uma amiga que “as pessoas têm limites e a gente têm que respeitá-los” e nunca mais esqueci. Algo simples e muito sábio que temos que carregar com a gente, nem que seja para amenizar nossas decepções.

Estômago, acalme-se, prometo cuidar muito bem de você. Prometo que meu corpo será sempre meu aliado. Não o condenarei pelas coisas que sinto, vivo, causo ou recebo, tentarei  ser mais atenciosa e, ao mesmo tempo, cuidar muito mais de mim do que dos outros. Os outros têm a eles mesmo, já é uma carga suficiente. Se vou conseguir? Nãoi sei. Mas estou tentando.

Hoje estou bem. Só de identificar o problema e então conversar muito com meu coração e meu estômago – e com a ajuda de um santo remedinho – ele parou de me avisar o que sentia e eu estou bem mais confortável com tudo isso. A gente sempre tenta melhorar, eu continuarei tentando.




Um comentário:

Rosilene disse...

Gostei!!