Cinema com samba no pé

A delícia do cinema, antigo, brasileiro

O carnaval já passou. A quarta-feira de cinzas se foi e o restinho da semana – que alguns conseguem usar para esticar a sensação de férias, alegria, festa e preguiça de trabalhar do carnaval – se encerra de vez e agora o ano começa. De uma vez por todas.

Falar de carnaval em cinema já é uma constante para o brasileiro. Na minha memória, a primeira produção que remete ao Carnaval é Ó Paí, Ó, de Monique Gardenberg. Um divertido e extremamente fiel retrato do baiano se preparando para o carnaval (e como é o pelourinho o ano todo, praticamente um eterno carnaval). Mas, justiça seja feita, nada como o cinema brasileiro das décadas de 40,50,60 ... Carnaval era recorrente e cheio de alegria!

Aquela bagunça dos dias de folia, a alegria, o desejo, a vontade de dançar e cantar, o sonho da fama, de subir no trio elétrico de achar o amor da sua vida naquela última noite da maior festa do país.

Em Ó Paí, Ó o que importa é festa!

Agora, ver cinema no Carnaval talvez não seja tão fácil assim. Mas, como o cinema vicia, encanta e fascina todos, a Sapucaí, palco do maior espetáculo do Carnaval brasileiro, levou para a avenida a sétima arte. Não apenas a nossa, mas a de fora também.

Grandes escolas, grandes shows, grandes produções, vontade de ver a próxima ala para identificar ali aquele filme que tanto gostamos. A Unidos da Tijuca, campeão do ano passado e uma das favoritas esse ano, mesmo se perdendo no próprio enredo, emocionou. Terror era o tema de seu desfile e confesso que não consigo ligar a Fuga das Galinhas ou Priscilla, a Rainha do Deserto ao medo e ao horror, mas que foi incrível ver aquelas galinhas laranjas, com um sorriso de massinha e aquele sapato enorme em cima do ônibus isso foi. Star Wars, King Kong, Indiana Jones ... Deu vontade de correr para o cinema e matar saudades de filmes que não vejo há anos.

A bateria da Unidos da Tijuca, um grande elenco de lanterninhas!

A Salgueiro levou para avenida aquilo que propôs: lembranças da magia do cinema de décadas passadas, produções filmadas na cidade do Rio de Janeiro, memórias boas de um cinema nosso ou compartilhado conosco. Emocionou, alegrou, me fez pensar que o cinema para o brasileiro se torna cada vez mais um espaço importante das suas preferências e hábitos.

Na calçadão de Copacabana, o elenco de "Os Desafinados"

O Carnaval se foi, novos filmes chegam às salas, outras produções são lançadas em DVD e Bluray, e o que se quer, depois dos dias de folia, é descansar enquanto vemos um filme, com um saco de pipoca e um refrigerante geladinho ao lado. Que delícia de descanso, com poesia, arte e magia fácil de achar, uma delícia de aproveitar, então não deixe para depois.

Bom Filme!