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| by Anna Schuleit |
Final de uma
sexta-feira lenta, porém ocupada. Faltam poucas horas para a liberdade
temporária do final de semana.
Duas amigas conversam. Uma jornalista. A outra também. Uma com 31 anos. A outra também.
Uma queria
apenas acabar o dia e ir direto para casa. Sozinha.
A outra
sonhava com um convite interessante de um homem ainda mais interessante.
Uma queria
chegar em casa para um longo banho quente.
A outra pensava
em um copo de cerveja, bem gelado.
Uma ia
escolher um pijama macio.
A outra
queria sentir o frio do couro de uma jaqueta em um abraço apertado.
Uma queria um
prato de sopa quente, um capítulo de novela.
A outra, um
olhar 43, um beijo de cinema.
Uma esperava
um filme independente, algumas páginas de um livro clássico.
A outra
sonhava com rock, blues ou jazz acompanhando um copo de cosmopolitan.
Uma queria
ficar sozinha, desconectada.
A outra
queria companhia, passar a noite toda entre toques, olhares, risadas e
conquista.
Uma apenas
esperava olhar a noite passar através da janela.
A outra
queria a vida acontecendo naquele instante.
Uma não
queria TV, nem internet, nem telefone, nem visitas.
A outra queria
filme de woody allen, uma noite de sexo desajeitado.
Uma
planejava ficar horas sozinha, com seus pensamentos.
A outra
queria trocar ideias, falar e ouvir besteiras.
Uma queria
uma noite de sexta feira solitária.
A outra
queria nada além de companhia.
Uma queria
acordar tarde, descansada, tomar um café fresco sozinha.
A outra
desejava acordar ainda cansada, tomar banho acompanhada, abrir e fechar a porta
para alguém, se despedindo.
Duas histórias
diferentes, de duas balzaquianas, em uma sexta-feira.
Nenhuma
muito possível.
Decidiram
passar a noite conversando, falando dos amores mal resolvidos e assistindo um
filme de Stephen Wooley.
Porque nada
é igual, e tudo muda. O tempo todo.

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