Eu desejo um momento surreal que se estenda ao longo do dia e da noite, que se dilua nos meus olhos e materialize minha alma.
Desejo ser tocada, suavizada, entre meus dedos, na palma da minha mão, nas minhas coxas, nos meus cabelos.
Desejo que palavras se multipliquem e que jamais necessitem ser pronunciadas.
Desejo que minhas pernas balancem, fazendo-me flutuar, que meus cabelos arrastem o chão, varrendo minha sanidade latente e minha loucura explícita.
Desejo sorrisos e lágrimas, sal e açúcar.
Desejo meu corpo, meu movimento, ou então a ausência dele.
Desejo ser, sentir, viver.
Desejo o desejo alheio pela sede, pela fome, pela energia, pela vontade.
Desejo o vazio dentro de um copo cheio de ilusões, verdades e mentiras.
Desejo a existência absorvida pelo abstrato, se perdendo em sentimentos inefáveis.
Desejo tudo que não tenho, e tudo que ainda serei.
Desejo, essencialmente.

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