terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O lado obscuro da perfeição

A obsessão pelo perfeito no transtorno de Nina

Em uma poesia forte, entorpecente e até doente, Darren Aronosfsky (de Requiém para um Sonho) fez de Cisne Negro (Black Swan) um filme para ser assistido, comentado, aplaudido e também ser polêmico, já que a doce – e agora intensa - atriz Natalie Portman está no papel principal.

Abordando questões como ciúmes, disputa, inveja, sexualidade e a, sempre rentável, relação mãe e filha, o longa-metragem é uma sopa de letrinhas para Freud ao mostrar no ótimo enredo uma sofredora do transtorno psicológico chamado borderline. Natalie Portman, extremamente magra, madura, linda e convincente vive Nina, uma dedicada e tímida bailarina que sonha com reconhecimento, sucesso e fama na carreira. No caminho enfrenta as dificuldades esperadas, acompanhadas de torturas psicológicas e muita, muita concorrência desleal. A principal é consigo mesma. Os perigos e as consequências da busca da perfeição impulsionam uma problemática trajetória, a transformação do Cisne Branco no Cisne Negro, na doçura e insegurança em uma arriscada auto-confiança.
Mila Kunis atua em seu primeiro papel interessante. Como a confiante e livre bailarina Lilly, a atriz teve a oportunidade de mostrar o que é atuar em cinema e encanta. Seu personagem é expressivo, forte e perturbador. Mila, que participou de produções sem destaque, como Volta por Cima, Ressaca de Amor e Uma Noite Fora de Série conduziu bem o personagem, que faz surgir o lado negro do “cisne branco” Nina.
Vincent Cassel também é condutor da mudança da bailarina e dá um show. Como coreógrafo da companhia de ballet de Nova Iorque, o ator francês mexe com os nervos. Ele prende, agita, excita e seduz o Cisne, e também o espectador que vibra, estremece, perde o fôlego com a excelente atuação, já esperada, do nome internacional do filme de Heitor Dhalia, À Deriva (2009).
Escolhido para a abertura do Festival de Veneza, selecionado para o Festival de Toronto e pré nomeado em 15 categorias do Bafta (prêmio da Academia Britânica de Cinema), Cisne Negro já causa burburinhos, já mexeu com o público e, especialmente, com a crítica e agora é a sua vez de ver esse drama que, definitivamente, traz Natalie Portman à vida adulta como atriz. E como mulher também (ela conheceu seu atual parceiro, Benjamin Millepied, nas filmagens e hoje o casal espera o primeiro filho).
A trilha sonora merece destaque. A direção de arte, especialmente na maquiagem e no figurino está ótima. No elenco, Winona Rider brilha. O conjunto da obra é quase impecável. E mesmo Aronofsky perdendo a mão em algumas cenas fortes, o filme é imperdível. Alguma dúvida sobre quem leva o Oscar de Melhor Atriz esse ano?

4 comentários:

Unknown disse...

Mari! Eu assisti esse fime outro dia. Nossa, tive várias ondas de calafrios durante a seção e minhas mãos transpiraram! É muito difícil eu transpirar pelas mãos, mas fiuei nervosa... rsrs

Ótimo filme. Muito bom, mesmo!

Bjos

Marianna D'Amore disse...

É intenso !!!!!!
E eu adoro quando filmes causam esse impacto !!!!
Eu me sentia intimidada junto com ela pelo diretor do ballet ... achei que ele deu um show também ...
Mas é um filme forte, mexe mesmo e acho que isso se deve a um ótimo roteiro muito bem conduzido ... Seria fácil o diretor perder a mãe e virar um suspense fraco, mas ele conseguiu fazer um filmão!!!!
Sou fã ...

Tancy Costa disse...

Passei aqui e gostei da mudança de layout, a sua cara. Obrigada pela força lá no Guia. Assisti ontem Cisne Negro, demorei mas gostei. Gosto de dramas, amo ballet, e em alguns momentos me indentifiquei com o medo de mostrar este lado "mais negro" da personalidade. Com esta briga intensa para tentar ser perfeita. Gostei muito do seu texto.
Bjos,

Marianna D'Amore disse...

Tancy !!
O filme é intenso, mexe mesmo e isso que me deixa sempre empolgadíssima com o cinema!
Obrigada por ser minha leitora !!!!
sucesso para você !!!