quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tudo Pode Dar Certo - afinal, é Woody Allen!

Um homem de 60 e tantos anos. Um gênio, excêntrico, obsessivo-compulsivo, desorientado, despeitado, uma boca desenfreada que fala tudo o que pensa, afinal, uma vida longa, com glórias e fracassos, dá a ele esse direito. Esse é Boris, personagem principal dessa história.


Ele anda de bermudas xadrez e casaco de moletom, tem manias - ou neuroses -, não gosta de sexo, é pessimista, cético e adepto à ciências exatas e não à crenças, sejam elas populares, religiosas ou qualquer outra coisa que possa chegar perto disso.


Woody Allen, que criou um alter-ego fortíssimo e aclamado no cinema americano - mesmo sua relação com a indústria Hollywoodiana sendo um pouco conturbada - , mesmo quando não aparece na tela, está presente descaradamente. Parece óbvio, afinal, "Whatever Works" ou "Tudo Pode Dar Certo" (ainda mando prender tradutores de títulos de filmes) foi escrito e drigido por Allen, assim como quase todos os seus filmes, porém é aquele jeito direto, sarcástico, de humor ácido e inteligente que ele escancara sempre que atua, que o ator Larry David adota em seu personagem Boris (isso prova também a importância do bom diretor em um filme, direcionando o ator para onde ele bem entende. Certo, seu Allen, entendemos sua jogada de mestre!).


No filme, traduzido por mim como "Seja lá o que dê certo", Boris mostra em palavras e em experiências que a vida é uma sucessão de acontecimentos e não de resultados planejados ou objetivos alcançados. O ponto de partida é que o plano de nossa vida é só um plano, no final. A chave é aceitar o que dá certo na vida, porque ela toma seu rumo sem você poder comandar muito, não. Isso não soa como uma ciência exata, o que se espera de um "gênio" (como ele se entitula) da física, mas ele aprende assim. E mais bacana ainda, ele ensina.


Apesar de todos os seus pontos estranhos e fracassos, o que podia nos levar a pensar que ele "perdeu" na vida, a felicidade reina, simples e verdadeira, nada forçada.


E as surpresas que vão nos pegando na vida, que interessante, o diretor passa bem isso em seu roteiro, uma coincidência animadora com meu último texto postado aqui, ontem mesmo. E isso foi mais uma surpresa do "destino", pois quando quero muito assistir a um filme eu não leio sinopses ou críticas, gosto do inesperado, a minha mania de adivinhar o que vem adiante basta para mim, não quero saber mais nada.


Diálogos, diálogos, diálogos. Típico de Woody Allen, e sempre genial. São tantos diálogos que minha memória não consegue guardar frase nenhuma do filme, tive que recorrer à santa internet para recordar uma das minhas favoritas: "Oh, wait. I always carry some viagra with me" (Calma. Eu sempre tenho uns viagras comigo). Eu gostaria muito de inserir o contexto à frase, porém vou contar muito sobre o filme, ela está no final. Contudo, vou colocar outra, para mostrar o sarcasmo de Boris: "In America, as much as they hated blacks, they hated Jews even more! Blacks they were scared they had too big a penis - Jews they hated even with little penises" (Na América, eles odiavam os negros, e odiavam os Judeus ainda mais! Os negros eles temiam porque tinham pênis muito grandes - Judeus eles odiavam mesmo com pênis pequenos).


E a trilha sonora? Como sempre nos filmes de Allen, é perfeita, e tem bossa nova! Brasileira, instrumental com Stan Getz e Charlie Byrd. Desafinado, de Newton Mendonça e Tom Jobim. Vale conferir: http://www.youtube.com/watch?v=bSZAuCqN3_M


Ainda está em cartaz, Tudo pode dar Certo, com Larry David, Evan Rachel Woods, Patricia Clarkson e o lindo Henry Cavill, entre outros atores de muito talento. Alguns que infelizmente não guardo o nome, mas lembro de outros filmes inesquecíveis.


Como sempre, Woody Allen é imperdível. Vale ir ao cinema para sair sorrindo, otimista, vendo a vida com outros olhos. É um clichê, eu sei, Boris faria cara feia para mim, mas é assim que vejo "Whatever Works".


Bom Filme!

2 comentários:

Viitor disse...

Meu, demais! Muito bom mesmo! Adoro a história de vida da mãe "dela". Hehe! E eu só não vi no cinema porque moro no interioR.

Marianna D'Amore disse...

Incrível como ela absorve as mudanças rapidamente e se torna outra ! hahahahah
Também, vamos combinar que o desfecho dela só seria melhor se ela ganhasse na loteria no final! hahahaha