terça-feira, 25 de agosto de 2009

Especial Claquete - cinema do argumento à estreia (parte II) - by Ticiana Schvarcz



TCC NÃO É ASSIM


Eu sei que não é, mas, sem abusar da sorte, posso dizer que nascemos viradas para a lua. E SIM, sorte auxilia muito no caminho a ser andado.
Dias atrás uma coisa interessante aconteceu. Desde o início do projeto colocamos como prioridade fotografar uma filmagem, porque de nada adianta escrever sobre cinema sem imagens, já que cinema É IMAGEM. Meses tentando e nada.

Há aproximadamente um mês, estava eu trabalhando quando vi uma reportagem convidando pessoas a se inscreverem para ser figurantes de uma produção nacional que, em alguns dias, seria gravada em Pindamonhangaba e Taubaté (Onde Mari e eu moramos). Saí do trabalho, corri para “Pinda”, me infiltrei no local onde as inscrições estavam sendo feitas (“É, por favor, a Glaucia Garcia”, “Você é quem?”, “Eu sou jornalista.”, “Ah, pode passar na frente da fila”) e conversei com a produtora de elenco de apoio e figuração. Não, eu JURO que não queria um papel, ainda sei dividir prioridades.Peguei todos os contatos possíveis da O2, produtora que está desenvolvendo o filme, e decidi que iríamos conseguir autorização para fotografá-lo nem que eu tivesse que mandar presentes para o diretor (Óbvio que não faria isso, aprendi que jornalista é muito ético. Há!). Que alegria.
Durou pouco, eles não queriam autorizar.
Sabe, esse pessoal com máquina fotográfica tem mania de bagunçar as coisas, dar uma de tiete e agarrar o Wagner Moura e, por isso, nosso argumento de que íamos ficar quietas num canto e não iríamos usar flash não colou. Claro que somos fãs, mas acima de tudo, somos profissionais. Há há.
Começaram as gravações do “Vips: Histórias Reais de um Mentiroso” (sobre o vigarista brasileiro Marcelo Nascimento da Rocha), do diretor Toniko Melo, e resolvemos que passaríamos óleo de peroba na cara e iríamos encarar a expressão carrancuda de algumas pessoas. Juntei minha máquina fotográfica, D’Amore o gravador e fomos.
Primeiro que nunca vi tanto caminhão, tanto equipamento e tanta fita crepe num lugar só, mas a descrição fica para outra vez.
Estávamos lá, fotografando e dando informações aos curiosos como se fôssemos da equipe quando uma mulher veio na nossa direção e perguntou:
- Oi, vocês são da imprensa?
Ela usava uma camiseta, com um moletom amarrado na cintura, calças jeans, boné, óculos escuros e fez um leve movimento de tirar o celular do ouvido para falar conosco e deixou a pessoa esperando na linha. Não saiu do celular o resto da manhã.
- Mais ou menos. Somos estudantes de jornalismo e estamos fazendo um projeto acadêmico sobre cinema brasileiro, temos apoio da O2 e...
-De quem da O2?
-Andréa Barata Ribeiro. Ela é uma das nossas fontes e...
-Ah, tudo bem então.
Ela estava saindo, mas a Mari não ia perder a oportunidade.
-Desculpa, mas você é?
-Eu sou a Bel...........
-Bel Berlinck?
Ela simplesmente sorriu..........
Minha máquina quase caiu. Tentávamos falar com ela desde que encontramos a Andréa e agora ela estava lá, produtora de set, na nossa frente, fazendo o que melhor sabe e nos recebendo na sua produção. Não era o momento de entrevistá-la, só se fosse pelo celular. Tivemos permissão e ficamos por lá.

Fizemos amizade com alguns maquinistas, os caras do trabalho pesado, sabe? Que possuem aquele tipo de humor irremediavelmente irônico que eu adoro e são os primeiros a chegar e últimos a sair.


Vimos Wagner Moura, suas madeixas alisadas e seu gritinho de “Uhuuhuu” na cabine do caminhão e durante as duas horas que ficamos por lá eles filmaram uma cena de no máximo um minuto. Fotografamos um pouco de longe, porque não tínhamos uma autorização formal e não queríamos atrapalhar, mas foi bem bacana.Edilene, a orientadora, costumava alertar a gente sobre os nãos que receberíamos, mas agora ela desistiu dessa parte. Quando chegávamos com nossas novidades e empolgações ela sempre colocava nossos pés nos chão e acalmava os deslumbramentos, hoje ela simplesmente diz com aquele tom animado, porém descrente: “Geeente, mas é verdade. TCC não é assim.”
Uma de nossas fontes que será citada muitas vezes e terá a história contada por aqui é o Miné, que faz mixagem de som e a quem temos muito a agradecer. É uma daquelas pessoas que fazem o trabalho valer mais ainda pena. Foi ele quem nos apresentou ao Romeu, que faz som direto e que, segundo Mine, é o melhor do Brasil. Ele fez Carandiru.
Enviei um e-mail ao Romeu sabendo que o mesmo estava no meio de uma produção e, por isso, um tanto enrolado.
Tentamos ligar, ninguém atendeu e deixamos mensagens. Uma semana passou e, perto de reta final, semana é mês.
Fomos novamente ao Vips e ficamos meio desanimadas porque nosso óleo de peroba não se estendia a atravessar portões fechados, mas o zoom da minha máquina surpreende às vezes.
Chegando em casa vejo a resposta do e-mail do Romeu pedindo desculpas pela demora porque estava no meio da produção de um filme, o Vips, em Pinda e Taubaté. Antes que eu tivesse um piripaque ele ainda tinha passado o celular dele e se disposto a falar conosco durante as gravações, fazendo um convite para acompanharmos.


Quando um dos nossos diretores, Heitor Dhalia (À Deriva), explorou em o Cheiro do Ralo a frase “La vida és dura” –como me lembrou a Mari– acho que ele não estava se referindo a nossa vida. Dura? Sim, mas muuuito boa.

Aliás, Romeu acabou de me ligar porque recebeu nossas mensagens em seu telefone, disse que vai ver que dia podemos acompanhá-lo nas gravações e que, se ele avisar, nós poderemos entrar. (Dou pulinhos no meio do trabalho ou não?) Fiquei intrigada com uma coisa, ele disse que soube que estávamos por lá e nos procurou, mas não nos achou. Minha nossa, eles sabem quem somos. Que medo.

Um comentário:

Marcolongo Ricardo disse...

Boa Sorte meninas,

bjs,
CMDT. Marco