domingo, 24 de fevereiro de 2008

Mari - 1o. ato

Ela é enlouquecida e superável. Nada mais que a normalidade cética e cínica de um ser com polegares opostos e um cérebro (pouco) adiantado. Porém algo a mais ela tem, sabe-se lá o quê. Você sabe? 

Agradavelmente insana, incompreensivelmente alegre e deprimida. Ela caminha em sonhos, em nuvens, mas tem uma capacidade de racionalidade entediante, porém admirável. 

Ela sabe, mas não gosta de cozinhar. Ela adora colocar as mãos dentro de sacos de feijão. Ela não come camarão e adora nachos. A pimenta está no sangue, ardida, chata, incansável e calada quando não quer. Algo a aflige, mas não pergunte o quê, ela nunca tem a resposta – se tem, rodeia com mil flores e caminhos para tentar minimizar a possibilidade da loucura que se passa em sua cabeça ser pura verdade pois ela torce, com todo seu alento, que não seja. 

Racionalidade contraditória. Comete os sete pecados diariamente. 

A intensidade de sua gargalhada, que pode ser ouvida a metros de distância, é a mesma de seu choro, de seu desespero. 

Ela sofre quando não quer. Quando ela quer, também. Se apanha, se arruma, se penteia, se maquia, se produz, sem opinião. Mas nunca se apaixona. Ela é a primeira a não aprovar qualquer relação. Mas isso parece ser tudo que quer. É tudo que teme. 

Multifacetada, mas não faz nada extraordinária ou porcamente. Tem nome de estrela, alma de artista. Engraçada, inventiva, criativa. Ela é doida, sensível, riso solto, fácil, conquistador. Seu sorriso é comentado, seu nariz pede um piercing, seu corpo é grande, mas sugere ser pequeno demais para tantas vontades, ambições, tantos desejos, confusões, mistérios, pontos de interrogação e defeitos. 

Adora falar, como o Forrest Gump. Rodeios, detalhes, comentários, voltas e mais voltas. Poucos têm paciência para ouvir. Mesmo. Quem tem admira e se diverte. São poucos e raros, mas são amados. 

Refugia-se em placebos viciosos, mas nega todos eles. Deseja tanto, almeja tanto, que não sabe dizer o que realmente quer. 

Diz sim para tudo aquilo que deveria dizer não. Diz não para tudo aquilo que deveria dizer sim. Confusão. 

Ama dançar. Ela canta, enlouquece. ]

Extremista, sensata, cooperativa, simples e glamourosa, paciente e impaciente – tudo ao mesmo tempo, agora. 

Ela tenta, mas não consegue. Ela sonha, mas desiste. Ela se frustra. É um ser humano. Sempre eloquente. Amiga, porém nem tanto. 

Ela peca, ela erra, ela admite, ela confunde. 

Adora criticar, sugerir, opinar. Não aceita críticas mal fundamentadas e muito menos seus próprios erros. 

Mecanismos de defesa multiplicados e recriados. Poderia dizer todos os opostos e ainda sim seria ela. Inefável. É ela.

2 comentários:

misticismo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
misticismo disse...

mary por mary:
amiga, sensivel, persistente e corajosa(mesmo que não saiba disso).
algum dia irá perceber que o mundo já está a seus pés, basta ela "enxergar"!

beijao,
justyn