quarta-feira, 14 de outubro de 2009

DÁ UM SALVE GERAL !!


Quase uma metáfora. Taubaté Shopping, sábado, e eu lá, em meio a tantas pessoas: adolescentes vestidas exatamente iguais às outras, mães com crianças de 2 meses a 12 anos de idade, mulheres de sapatos rosas, outras de meia-calça rasgada, outras de bolsas Gucci originais (quê?)

No cinema ações em massa contra policiais e rebeliões em presídios no estado de São Paulo, ocorridas em maio de 2006 envolvendo o PCC - Primeiro Comando da Capital.
A escolha do filme "Salve Geral", de Sérgio Rezende, foi pela ordem 1) filme nacional 2) ficha técnica que inclui Uli Burtin e Andréa Beltrão 3) tema polêmico.
As polêmicas vão além de ser um filme baseado na violência urbana brasileira. Dizem que foi um filme feito pensando no Oscar. Mas, deixemos os comentários desnecessários da mídia de lado, né?
O cenário fora do cinema, extremamente desagradável, se estendeu apenas fisicamente para dentro da sala. Penso que não tem desanimador maior que as salas de cinema desta cidade. Como se não bastasse só existirem dentro de um shopping (igualmente desagradável) tudo na sala é péssimo: desde o carpete sujo e manchado até o som de baixa qualidade (sem falar na cortina, no teto, em tudo!)
Além da ótima companhia, o filme, bravamente, compensou. Grande história, falas bem escritas e uma Andréa Beltrão ótima e Denise Weinberg roubando a cena, como "Ruiva". Em um big close de cerca de 5 segundos o olhar refletia ódio e maldade, quase deu para ficar com medo.
Um filme um pouco tenso, em alguns momentos involuntariamente prendemos a respiração e em outros estamos "torcendo" pelos bandidos e não pelo mocinho. Conflitante, ou seja, humano.
Frase do filme: "Professor de que escola?" de um advogado referindo-se a um dos chefes da facção criminosa, chamado de professor.
Donna Meirelles arrasando na maquiagem, vera Hamburger correta na direção de arte e a fotografia real e simples de Uli Burtin (que mesmo se não fosse boa seria perfeita, pois é o Uli).
A pequena aparição da atriz Fátima Toledo, como figurante (em cena na rua, em que comenta com Lúcia, personagem de Andréa Beltrão, sobre as rebeliões) deu saudade dessa pessoa fantástica que tive a sorte de conhecer esse ano.
Alguns pontos fracos, como alguns atores vindos do teatro, muito bons porém um pouco caricatos, e a montagem que vezes parece seca, até um pouco descuidada. Mas termino minhas críticas por aqui, não me permito mais - quem sabe quando tiver minha própria revista de cinema ou então ser crítica da Folha. Até lá, me mantenho nos elogios (por isso mesmo só escrevo sobre filmes que gosto, e esse eu gostei muito).
História bem contada = cinema brasileiro de qualidade. Vale a ida ao cinema. Vale até duas.
Realidade típica do cinema nacional - e que eu vibro muito quando vejo!
Programa de domingo? "Salve Geral". Se o domingo já passou, corra para aquela sessão no meio da semana, às 10h da noite, sem ninguém, que é sempre mais interessante.
E bom filme!!

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